storytelling

Storytelling, storytelling, storytelling…

Storytelling, storytelling, storytelling… Este é um assunto profundo.

Então, antes de mergulharmos neste espantoso mundo mágico da Arte do Storytelling, permita-me conversar com você um bocadinho.

O que realmente somos?

Não sou filósofo, nem religioso. Então, quando me pedem para opinar a respeito das famosas questões ‘Quem sou? De onde vim? Para onde vou? ‘, dou a minha resposta dentro da visão que tenho de mundo, da minha ‘crença’ pessoal no poder das histórias.

Quem sou?

Sou o conjunto de minhas histórias passadas e do que essas histórias significaram e significam e virão a significar para mim. Não de UMA história, mas de todos, as que lembro, não lembro, imagino que lembro. Tal como nos princípios de história que usamos para escrever um romance ou um roteiro de uma série para a TV, temos as evidências externas e internas, as marcas, que essas histórias deixaram em nós. Por exemplo, certa vez, aos nove anos, enfiei o meu dedo indicador esquerdo em óleo quente, o que me deixou com uma ‘marca’ externa, o dedo tema pele mais grossa e uma ‘marca’ interna, não gosto de comidas fritas até hoje e temo, cada vez que vou aos EUA, que os meus amigos me levem ao KFC!

De onde vim?

A minha origem são as histórias que me contaram, as histórias com que me criei imaginado que vieram antes de mim. E não uma ou duas. Mas todas, mesmo as de que não me lembro mais. Tal como no romance literário, carrego comigo o externo, tenho a pele morena pela parte portuguesa da minha família, falo inglês até hoje com sotaque ‘escocesado’ por ser a Escócia o local em que iniciei a minha vida no Reino Unido e o meu português tem sotaque gaúcho por foi naquele estado brasileiro que aprendi a falar português. Carrego, também, o interno, isto é, as histórias de migração e imigração da minha família, as histórias de multilinguismo, uma visão positiva de que falar línguas leva-nos a criar pontes e a alavancar as nossas vidas.

Para onde vou?

Vou para (1) onde as minhas histórias me levarem, mas, sobretudo, vou para (2) onde eu FIZER as minhas histórias me levarem. Aqui também traço um paralelo com os princípios de história como aplicados, digamos, à criação de um roteiro de um filme que AINDA NÃO FOI FILMADO. Creio que, com base nas minhas experiências passadas com histórias, poderei mudar em parte ou na sua totalidade, principalmente, o que vier a ser o lado interno da história desse roteiro. Enquanto não inventarem a máquina do tempo para eu voltar ao passado, penso e planejo com grande entusiasmo qual o conjunto de histórias que desejo exibir no futuro, pois são essas as histórias que posso alterar, são essas histórias que me vão redefinir como pessoa. Claro que posso mudar o externo, se valer a pena pagar o preço. Confesso que o meu cabelo na juventude já foi azul, vermelho, roxo, na idade adulta já foi do castanho ao preto azulado, variando sempre de longo a curto a liso ou crespo. Isto não me custou quase nada e me deu grande prazer. A pele mais grossa do meu indicador esquerdo, entretanto, até gostaria de tê-la mais fininha, mas não estou disposto a pagar o preço. Esta história, a do dedo, ficará como está; o meu cabelo, veremos.

Por que contei para você isto tudo?

Porque acredito que os nossos interlocutores, chamemo-los de audiência ou de clientes, são o que defino como ‘pacotes ambulantes de histórias’.

Quê?

Defino a raça humana como ‘pacotes ambulantes de histórias’, porque imagino a pele como um invólucro, um saco de papel, embrulhando o restante do corpo. Da superfície do papel que envolve este pacote ao seu conteúdo, estão as nossas histórias externas e internas que carregamos. E já adianto, aquela velha foto da tia Maria na parede, a madrinha que tanto nos amou e faleceu de repente, embora esteja pendurada na parede, faz parte das nossas histórias internas.

Pois bem, deste meu conceito de ‘pacotes ambulantes de histórias’ extraio a minha fórmula mágica de persuasão:

Persuadir ‘pacotes ambulantes de histórias’ = Influenciar as histórias dentro do pacote

Alterou-se uma das histórias dentro do pacote? O ‘pacote’ já não é o mesmo!

Se passar o seu telemóvel ou tablet pelo código QR a seguir, verá um documentário feito em 2012 sobre o meu trabalho. Câmaras me acompanharam por 365! Se tiver paciência de ver, quanto do que eu ‘confessar’ no documentário você sentirá que “já sabia” embora tenha me conhecido apenas por ter lido UMA história, visivelmente ficção, a cerca de um fato imaginário, que teria se passado na minha infância?

https://www.youtube.com/watch?v=FI-GoR5fd_c )

Você nunca vai saber se eu disse a verdade ou se você, através da minha história, foi realmente capaz de adentrar a minha mente e o meu coração. Porém, como costumo dizer, isto pouco importa. O que importa é essa “sensação” de que você é um adivinho nato. De que, ao escutar de alguém uma história, você, momentaneamente, vislumbra a alma do seu interlocutor. Os ingleses usam a metáfora “flash in a pan” (um rápido reflexo na superfície da panela), que sempre me pareceu muito adequada. É como quando, quem vê fantasma, tende a explicar a experiência: ‘vê’, sabe que está ali. Porém, experiencia não necessariamente pelos ‘olhos físicos’, mas pelos olhos da mente (da alma).

Aqui, então, cabe uma pergunta: por que conseguimos identificar, prever, ou imaginar que identificamos ou ‘acertamos’ as histórias dos outros?

Resumo da ópera

Neste capítulo, após transcrever uma mera historinha, pus sete pormenores “a acertar”. Quantos deles você acertou, tem a sensação de que ‘acertou’ ou esteve perto de acertar? Dois ou três em sete? Quatro ou mais? Se fosse leu a minha biografia e viu o filminho no YouTube, quão bem você acha que me conhece? Erramos em quase tudo, mas acertamos ou temos a nítida sensação de que somos capazes de acetar proporcionalmente mais quando se trata de ‘deduzir’ histórias, de entender o outro pelo que ele nos conta, do que quando se trata de escolhas simples na vida – como escolher um cônjuge, uma carreira a seguir ou se uma empresa vai comprar o produto que lhe estamos vendendo.

É mágica pura!

Quando lemos um conto, lemos uma biografia ou assistimos a um simples documentário de alguém que não conhecemos, sentimos que ‘agora’, partilhamos a sua intimidade, mesmo que nada mais venhamos a saber sobre aquela pessoa.

O interessante é que, se viermos a encontrar esta personagem em pessoa ou pesquisarmos mais acerca da sua vida, descobriremos que o nosso nível de “acerto” foi alto! Até nos piores casos, descobriremos que HOUVE acertos. Por exemplo, como você está a ler este livro, é certo que devo ter o mínimo de imaginação e que sou capaz de ir atrás dos meus sonhos como fui capaz de ir atrás dos meus “sonhos” na historinha do mascate. Por quê? Por que temos esta habilidade mágica de ‘perceber os outros’ através das histórias que partilham conosco!

Viu o vídeo?

Será que consegui?

Agora você sente que me conhece?

Será que disse a verdade?

Pouco importa! O que importa é que você tem a “sensação” de que me conhece. Por ora, isto basta. O que você está a desejar neste momento é que eu lhe mostre os truques para criar esta sensação na mente da SUA audiência.

Senhores e senhoras, bem-vindos ao maravilhoso mundo mágico dos PRINCÍPIOS SUBJACENTES DAS HISTÓRIAS que, se usados com um propósito definido, poderão se tornar poderosos instrumentos de mudança, verdadeiras armas para vencer a nossa batalha diária pela sobrevivência.

 

Conheça mais sobre James McSill

Post originalmente postado no Linkedin

James McSill
James McSill
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Um dos consultores de histórias mais bem-sucedidos do mundo, autor, conferencista e filantropo.

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