Storytelling nos games

Os videogames vêm se destacando como uma das formas mais emergentes de entretenimento digital, e consequentemente mostrar um diferencial, exige cada vez mais das produtoras. Grandes produções, grandes personagens, grandes histórias. São muitas as semelhanças que o mundo dos games tem com o mundo do cinema, e assim como neste, uma boa história pode ser vital em um jogo.

A experiência de imersão talvez seja um dos critérios mais importantes em um jogo, por despertar interesse e cativar o jogador. Gráficos foto realistas, captura de movimentos, realidade aumentada, integração multimídia com outros dispositivos; são muitas as possibilidades que a tecnologia agrega diariamente a este mercado. Estes fatores possibilitam experiências únicas, mas o ponto mais importante de todos para uma verdadeira imersão é somente um: a história contada. A experiência é totalmente diferente quando se tem uma situação, um objetivo ou até mesmo uma identificação pessoal com o personagem; um propósito de estar jogando.

Desde salvar princesas como em Super Mario e Zelda até rivalidade entre assassinos e templários em Assassin’s Creed. São muitas as premissas que justificam todo o esqueleto de um jogo, desde conceito artístico até mecânicas.

Algumas narrativas vêm surpreendendo bastante nos últimos anos, como a incrível adaptação de The Walking Dead, que recebeu prêmio de Game of the Year em 2012. Apesar de ser um estúdio ainda novo no meio de gigantes, com mecânicas e gráficos medíocres para época, a Telltale Games apostou em uma adaptação mais focada na relação dos dois protagonistas e desenvolveu a trama da primeira temporada do jogo dividida em cinco capítulos. A história se passa em um apocalipse zumbi, onde um assassino condenado chamado Lee encontra e passa a cuidar de Clementine, uma menina de oito anos que se escondia em sua casa na árvore, pois seus pais haviam ido viajar e sua babá havia morrido. A partir deste ponto a ligação entre os dois personagens e o jogador se torna tão forte que qualquer acontecimento faz com que o player realmente se importe com suas próximas decisões, consequentemente com que ele se sinta no meio da trama.

Alguns universos mais complexos, como o de Halo, mostram que histórias podem ser muito bem exploradas no mundo dos games. Toda a construção do protagonista foi feita com muito cuidado, fazendo com que ele fosse o herói perfeito dentro da própria história. A motivação que é repassada ao jogador é muito clara: um riquíssimo universo com muita informação a ser explorada, uma trama muito bem segmentada e com um objetivo definido. Pronto! Master Chief, um personagem que aparentemente pouco interessante (por promover poucas expressões) se torna um fortíssimo personagem.

Storytelling nos games

A grande questão é que todas as interações são direcionadas ao jogador, e não explicitamente ao personagem, levando o jogador a se sentir o herói em questão. O mais incrível disso tudo é a fácil acessibilidade que esta condição proporciona ao jogador em um universo tão complexo quanto o de Halo.

Outro game que deve ser citado aqui é a obra prima The Last of US. Não à toa que é quase unanimidade nota máxima nos principais sites de críticas; a trama protagonizada pelos personagens Ellie e Joel pode não ter a premissa mais inovadora dos jogos, porém, consegue ter um enredo profundo que é fácil passar horas sem perceber na frente da televisão. O jogo retrata sutilmente alguns temas muito interessantes, podendo ser necessário novas partidas para pegar cada detalhe. E o mais incrível de tudo é a evolução dos personagens, como eles passam a perceber o mundo através de suas experiências, tudo isso é refletido na visão do jogador, fazendo com que este também passe a perceber tudo de outros ângulos.

Storytelling nos games

 

Os videogames com certeza mudaram muito o seu propósito ao longo dos anos, mas nunca deixando um objetivo principal, entreter. Com um grande avanço nas tecnologias agregadas, simples mecânicas de jogo não conseguem mais se sustentar. A importância da história em um jogo é clara: convencer o jogador que existe um propósito e uma recompensa que justifique sua jornada. Muitas produtoras estão explorando isso de uma maneira brilhante e o resultado é um: jogos que serão lembrados por décadas.

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Felipe Kruger
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