Sobre a vida, histórias e protagonistas

“Ora, me poupe!!!! Storytelling existe há séculos! A humanidade conta histórias desde antes de descer da árvore (o fazia por desenhos antes mesmo de inventarmos a língua escrita ou falada). E mesmo que queiramos restringir nosso universo de tempo à sistematização do conhecimento e técnica de como se contar histórias, isso existe pelo menos desde a Grécia antiga”.

Essa frase, de outro artigo onde eu chutava os calcanhares dos “entendidos” de Internet, também serve para ilustrar a importância que o Storytelling tem nas nossas vidas, desde sempre, ainda que muitas vezes não tenhamos consciência disso.

Talvez, não percebamos justamente porque nossas vidas são, elas próprias, histórias. Sendo contadas tendo a nós mesmos como personagens seguindo seu curso de forma mais ou menos interessante, mais ou menos instigante. E se assim o é, que tal raciocinarmos sobre o que transforma essas histórias em best-sellers? Pense nos momentos mais instigantes da sua vida até aqui. Aqueles em que você sentia o sangue correndo nas veias, em que as borboletas batiam asas no seu estômago e o coração disparava parecendo ter vida própria.

Primeiro, analise os elementos que estavam presentes na sua vida nesses momentos. Se você procurar, vai encontrar elementos ligados a algum tipo de conflito ou a algo que provocava tensão. E entenda que conflito e tensão não são necessariamente coisas ruins. A espera pelo presente que o Papai Noel vai deixar debaixo da árvore no Natal provoca tensão em uma criança. A luta entre o medo do desconhecido e a expectativa das novas descobertas é um conflito quando estamos diante do novo. Na essência, tensão e conflito são os temperos de toda e qualquer narrativa e, sem pelo menos um dos dois, simplesmente não há história.

Segundo, analise o movimento em torno dessas cenas. O fluxo de energia e acontecimentos era intenso? Ou se assemelhava a um lago plácido e calmo com pássaros cantando ao redor? É claro que nem só de intensidade vive o ser humano, mas histórias que hipnotizam e prendem o leitor, são aquelas em que altos e baixos acontecem, em que o inesperado sempre está à espreita e em que o protagonista tem a coragem de enfrentar cada reviravolta com o destemor de quem sabe que o melhor está por vir.

E por fim, pense nas passagens cujo final te traz melhores lembranças. Essas histórias se prolongaram mais do que o necessário ou acabaram justamente quando tinham que acabar? Qual seria o efeito se elas tivessem se prolongado além do necessário?

Quando observamos nossas vidas pensando nelas como um livro ou um filme sendo projetado diante dos nossos olhos, criamos um distanciamento que nos permite enxergar o óbvio. Boas histórias que valem a pena ser vividas, são intensas. Elas não têm medo de incluir em seu enredo conflito e tensão, porque é isso que as torna instigantes. Elas são agitadas, possuem reviravoltas e seus protagonistas extraem aprendizado de cada pedra que encontram no caminho. E por fim, boas histórias têm a coragem de acabar quando acabam. Do contrário, ficam chatas e tediosas. Assim são boas histórias. E assim sãs nossas vidas. Qual é a história que você está construindo para o protagonista chamado “você”?

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Allan Costa
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Pai do Lucca, palestrante, empresário, empreendedor, consultor de negócios, conselheiro de administração, investidor anjo, mentor de startups, músico amador e motociclista de aventura. Acredita na capacidade das pessoas para promover transformações e que os maiores pecados das empresas contemporâneas são as obviedades, a mediocridade e as tartarugas nas árvores.

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